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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ilhas Pohnpei

Realismo fantástico:


O MISTÉRIO DAS ILHAS POHNPEI

por Andrea Faver-Kaiser, 1991
tradução (português) por Carol Beck





São 58 as ilhas que fazem parte do chamado "setor mortuário" das ruínas de Nan Madol. A maioria delas foi ocupada pelas residências dos sacerdotes Iniciados. Outras, serviam a propósitos bem específicos: a comida era preparada em Usennamw; as canoas, feitas em Dapahu; o óleo de coco, extraído em Peinering. As grandes sepulturas, caracterizadas por altas paredes, ficam nas ilhotas de Peinkitel, Nandauuwas, Karian e Lemenkou.

Em Pohnpei, ilha situada ao norte do oceano Pacífico, uma tradição antiga e fantástica repousa sob as águas do litoral e nas ilhotas-satélite, ilhas artificiais, feitas de rocha vulcânica, edificadas sobre bancos de coral. Na vista aérea, os terraços, quadrangulares, distinguem-se claramente nas imediações de um maciço rochoso principal. Ali, ruínas de uma cidade megalítica guarda segredos que os arqueólogos ainda não conseguiram desvendar.
Sob os mar do litoral da Ilha de Pohnpei (ou Ponape), no Oceano Pacífico, se esconde uma página da história da humanidade. Por esta razão, os Iniciados da Irmandade dos Tsamoro, dão a esta ilha este nome: "Sobre o segredo". Um lugar que parece esconder os mais fantásticos segredos. Em frente à costa, estão as ruínas enigmáticas da cidade aquática de Nan Matol, construída - não se quando nem por quem - com gigantescos blocos de basalto, sobre 91 ilhas artificiais.
Invadida pela mata e mangues, continua sendo para os nativos uma cidade proibida, onde - de acordo com sua tradição - a morte espreita quem fica depois que o sol se põe. Em 1939 apareceu na imprensa alemã uma notícia curiosa: mergulhadores japoneses haviam efetuado mergulhos na Ilha Carolina de Ponape (a antiga Pohnpei) a fim de explorar uma camada de destroços de platina. Não era uma formação natural coberta de coral; era um tesouro submarino. Notícias posteriores afirmam que na costa oriental de Pohnpei se encontram dispersadas, em uma ampla área, misteriosas construções cobertas pela floresta: um sistema de canais, muros ciclópicos, ruínas de fortificações, ruínas de palácios.

Uma Cidade Submersa

Muito antes da Primeira Guerra - explicarão os nativos - coletores de pérolas e comerciantes japoneses sondaram clandestinamente o fundo do mar. Os mergulhadores regressaram com narrações fabulosas: ali embaixo podiam se encontrar, ruas totalmente conservadas, recobertas por moluscos, colônias de coral e outros habitantes marinhos. Desconcertante havia sido, segundo eles, a visão de numerosas abóbadas de pedra, colunas e monolitos.
Esta misteriosa cidade submersa guarda tesouros concretos que podemos chamar de panteon dos nobres do lugar pois suas múmias se encontram ali. Mas o assombroso é que cada uma dessas múmias estaria encerrada em sarcófagos de platina. Foram estes sarcófagos que - na época da dominação japonesa, entre as duas guerras mundiais - os mergulhadores japoneses os haviam localizado. De acordo com testemunhas, os mergulhadores iam extrair a platina das relíquias contudo eles não voltaram mais a partir daquele momento. Desapareceram sem deixar rastro, levando consigo seu moderno equipamento de mergulho e de trabalho: nunca mais foram vistos.
Seus antepassados aplicam tecnologias mágicas
O principal enigma que se apresenta são as ruínas de
Nan Matol. Com respeito a elas a arqueologia oficial reconhece abertamente seu desconhecimento absoluto sobre a finalidade das mais impressionantes ruínas do Oceano Pacífico; e além do mais é a única cidade em ruínas que se pode visitar nos 166 milhões km² do leito daquele do oceano. Existe um foco mágico, oculto na abrupta espessura de floresta de Salapwuk, nas altas montanhas do reino de Kiti, em sudoeste de Pohnpei. Ali e em outros pontos da ilha, na memória dos pohnpeyanos, continua perpetuada a recordação dos gigantes, de pessoas que sabiam voar, de uma raça dotada de assombrosos poderes mágicos que permitiam transporte aéreo de grandes blocos de pedra. A recordação clara de uma conexão entre a mítica universal e a realidade fantasticamente possível, na antiguidade e nos dias atuais.


Uma rede de canais estabelece a comunicação entre as ilhotas artificiais de Nal Madol; paredões de pedra funcionam como represas que contêm a violência das ondas do Pacífico. Na ilha mortuária de Nandauwas, segundo a lenda, encontra-se a tumba de um herói local chamado Isokelekel (acima/esq.).

Origens

Pensile Lawrence, um dos transmissores vivos da história esotérica de Pohnpei, relata a tradição:

Nove casais - nove homens e nove mulheres - entram numa canoa e lançaram-se em alto mar, buscando uma terra nova para se estabelecer. Pensando nisto eles toparam com o polvo fêmea de nome Letakika, que averiguou o motivo de sua viagem e lhes indicou um lugar no oceano em que havia uma rocha surgindo em cima das ondas. O casal prosseguiu seu caminho e acharam a rocha. Sobre ela começaram a construir uma ilha. Quando ficou pronta, um casal ali fixou sua moradia; depois disso os outros casais continuaram seu caminho e, sucessivamente, construíram ilhas até que os nove casais ocuparam nove ilhas. O nome do homem não tinha importância, não tinha nome. Quem tinha nome era a mulher, que se chamava
Lemueto. Lemueto é a primeira mulher de Pohnpei cujo povoamento se deu através de um matriarcado.

O relato é claramente alegórico. O número nove aparece como um signo representativo de nascimento. Os casais e canoa, ou nave também são imagens recorrentes, que aparecem em mitologias de diferentes povos, em todo o mundo. A nave-canoa remete ao bíblico "dilúvio de Nóe". Os casais micronésios de Pohnpei também levavam alimentos e sementes para cultivar na "nova terra". A lembrança dessa simbologia durou muitas eras. A cada nove meses, os antigos ilhéus costumavam se reunir em Salapwyk (uma das ilhotas) que, segundo a tradição, foi a primeira ilha "edificada", onde se localiza a "pedra fundamental" de Pohnpei. É o principal lugar de culto onde os "inicados" realizam suas cerimônias, rigorosamente vetadas para estranhos.
Iniciados

Como muitos outros povos indígenas, os ilhéus de Pohnpei também têm uma lenda sobre um instrutor divino, que transmitiu aos antepassados uma série de conhecimentos práticos, da agricultura à magia. Esses instrutores são ali chamados de
Sau Rakim e preservavam seus segredos sob compromisso de pena de morte para aquele que violasse o silêncio. Esses instrutores conheciam as antigas histórias de Pohnpei. Quando morriam, começava a chover, a relampejar e trovejar.

Os
Sau Rakim eram os iniciados mais graduados. Abaixo deles estavam os membros da sociedade secreta dos Tsamoro. Os chefes de tribo eram, automaticamente, membros dessa sociedade; outros, não-chefes, para entrar na sociedade passavam anos sendo submetidos a provas antes da admissão. Entre as provas, era preciso dominar a língua da sociedade, diferente da língua do povo. Chamada argot, esta língua é considerada por alguns estudioso como a "língua dos argonautas" (míticos navegantes e heróis gregos. Uma vez por ano, durante quatro dias, os Tsamoro se reuniam em um local sagrado, rodeado de muros de pedra. Durante essas reuniões, era consumido o sakau, bebida sagrada dos "seres superiores". A sede dosTsamoro localizava-se nas matas dos montes de Salapwuk.
Pai Extraterrestre e Mãe Terrestre
A conexão celestial dos
pohnpeyanos começou com um homem chamado Kanekin Zapatan, descido das alturas, de um lugar desconhecido, a Ponhpei, acompanhado de um grupo de pessoas que sabiam voar. Kanekin Zapatan se casa com uma filha de um chefe nativo. Teremos assim um homem que desceu do céu que se casa com mulher terrestre. (Situação semelhante à "queda dos anjos" narrada no Gênesis bíblico: os anjos "enamoraram-se" das filhas dos homens.) Depois disso, Zapatan se junta aos seus companheiros levantando vôo. Acompanha-o também sua mulher e literalmente disse a tradição: "Meticulosa, a mulher em seu cabelo e ao redor ajusta o nó".
Cabia naquela época remota melhor indicação para a colocação de um capacete? Indispensável para voar? Logo após a filha do nativo, no trajeto, dá a luz um filho distinto; dotado de grandes poderes mágicos. Este menino se chamava Luk, que deixam na terra entretanto eles prosseguem vôo. Mais adiante Luk acende uma fogueira, o fumo sob um tambor, e sobe ao céu, imagem esta que pode equiparar-se a decolagem de um foguete portador de uma cápsula tripulada. Ao reencontrar-se com seus pais se recorda que "me geraram na terra". A narração também afirma que "sabia andar sobre o mar".
Dominando a Técnica do Vôo
"Naquela época - comenta Masao - a raça dos homens era diferente. Eram mais dotados, capazes de transformar a pedra e de efetuar trabalhos muito difíceis na mesma, porém essa gente habilidosa não existe mais em Pohnpei. Hoje não somos como as pessoas de antes que possuíam poderes mágicos e eram fortes."
Um curioso invento aparece nos relatos de tempos antigos, os sacos voadores. Se trata de veículos voadores de grande mobilidade com capacidade para um só tripulante. Também existem narrações que se referem a combates entre vários sacos voadores. Em relação a este tema perguntas perduram em eterna dúvida: Homens voadores? Não. Não propriamente, mas também penetravam em grandes pássaros, pronunciavam palavras mágicas, o pássaro se levantava e voava céu afora. Construíam pássaros voadores com árvores."
Dois Irmãos com Poderes Mágicos

Para começar a decifrar o enigma da cidade morta de Nan Matol é preciso contar a história de Olosipe e Olosaupa (outra mitologia recorrente: Castor e Pólux, na Grécia; os deuses gêmeos pré-colombianos). Com eles começa o mistério da cidade de Nan Matol. A única recordação ancestral que os nativos conservam sobre a construção da cidade que se refere a sua origem é a atuação desses dois personagens. Nada se sabe de onde vieram; chegaram em uma nuvem, na parte norte da ilha. Eram construtores, engenheiros, arquitetos extraordinariamente inteligentes e dotados de poderes mágicos. Foram sarcedotes e instrutores que ensinaram os princípios da cultura e da civilização aos
phnopeyanos.
Chegaram a Pohnpei para construir um santuário consagrado a um protetor da terra e do mar: a enguia, desde então animal totêmico por excelência em Pohnpei. Para o pohnpeyano, o corpo da enguia é habitado por uma divindade. Como a serpente para os aborígines da Australianos e para os povos meso-americanos, entre outros. E porque em Pohnpei não aparece a figura da serpente, cobrando vigor, e em seu lugar, o da enguia? Pois que é o único animal nativo da região que pode se assimilar a uma imagem de uma serpente; por uma simples razão: na pequena ilha não existem serpentes. Voltamos ao propósito de Olisipe e Olisaupa: erguer um santuário para a serpente sagrada. Sendo a enguia uma cobra aquática, o santuário devia se erguer em um lugar que reunisse mar e terra: o recife de coral que rodeia a ilha, fundação natural de Nan Matol.

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